O exercício de falar

Quando falo árvore,

 êxodo  é para o real

Que árvore falas tu?

 de fé lar

O exercício de fala toma os doentes,

– Quando há nascimento?

O falar entrega-se às línguas severas e duras.

Por vezes as línguas não dão apoio.

Doentes a doler, condoídos a valer.

Ele visitam o exercício de falar.

– Quando há nascimento?

Vi a árvore com dois pregos.

Apressado com apreço, agarrei-a,

sem forçado sentir, vi dois parafusos,

uma árvore com dois parafusos a perecer,

músculo da língua a travar o falar.

Venho de noite buscá-los,

por princípio e por fim.

Alguns acreditam que viemos das estrelas,

outros nada.

O bom exercício de falar.

À noite, com noite, sobre noite,

de sobremaneira o falar é diverso.

Um dia vim aqui e depois desse dia,

estou aqui, volvidos quatros anos,

a ver dois parafusos nas árvores  da sulpice.

A súplica na praça em prol do falar continuado.

A árvore perfurada, o homem destapado.

A praça encorpada e o homem travado.

O vento, le vento, parecido ao levante,

faz cova, não te acoves !

Vê-se o falar no vento da boca.

O pombo

O pombo desgraçado

imagem7

A cabecear as suas migalhas

Que o alimento não cabe na boca

No meio dos dois grupos: serve de carne

O pombo descomgraça

Acolhido no jardim, confuso ao ser claro

Os grupos aninhados e o pombo dim

E agora ele vai

Afastado do grupo,olhá-lo também

Vira a cabeça, a meneia  pescoço

E já na paisagem o pombo adoroso

Voa, não falou

Ele voa para aqueles estômagos

Pombo grilhado , sem asa

Nesta época da comida não servir,

Olhar a evolução

agrilhados estamos aos pombos

À brasa de horários, é pombo

E o pombo?

Agora  na boca dos mais rectos,

Ensalivado, baptizado pelos dentes,

Enchemo-nos de pombo

Nesta época da comida não servir

hada, le fada

image1

Na manhã de lá

Que hada não tem coisa boa

Ao côtè mauvais oxalá

Hada se faça à toa

Ora alterar le dé

A uma hora estranha

In loco le côté

Il se emaranha

Politico de ti

Os frutos maltratam a mão

Por isso o Hada lit

O “Maltratado Frutão

 

Que ladinha rasga a linha vida

A farinha do pão dou-te

Que assim não definha a fina vida

Tudo alterou-te

Pai Nosso

imagem6Pai nosso,

O pai que foi

que está no céu?

estai na ciel ???

Qu’kora da nossa morte

A m é

Pão pão

Não é nosso

 

Mas está na boca, está na boca

Comai  pai de cada dia,

dai, hoje

fai na hora da kora

Da nossa e da tua ,

Do pão nosso, da mãe nossa

natureza,  a morte dela nos separa

Pai nosso, quero dizer o pão nosso

Que dele

santificadas seja ela

Ela quem?

A pá nossa

Para quê?

Para me enterrar ámen

canção dos analfabetos

Anos de analfabetos, ah meus anos, ah meus anos,

tuvesses falata de betal, baraab de betão rasga, a dança, lança, pança, dos mais queridos

não saber nem escrever, viva pois o fecho da escola

Anos de analfabetos pa, pa, pa ra,ra, ra sair em urgência se te lembrares, airbonté, air de lá bonté de lá, oh dio, oh pá, por que ensinaste a ler, escrever?

honte, doente, lonte jamais, de mais, sair é agora, venho do alfabeto,

um dia pois dois dias pois três dias pois

lia, carecia, parecia dia e voltava ao dia do betail.

Nos anos alfabetos,nem pudeste…, abstenção da carne dada aos alfabetos. Aos alfabetos dava um murro de carne

São Paulo ao deus desconhecido

Ele põe fogo selvagem no espaço desconhecido altar desconhecido, acrescenta uma brecha

Em seguida ele preenche-a

Ele diz-

o que é mais, é o meu, este meu para todos.

Que desilusão, analfabeto que se vende e se torna alfabeto

virai viremos vida ao analfabetismo de todos

A carne sai enfraquecida  com os alpabetos, com as estruturas das contas,

Que honta!!!, quis lembrar-me, não soube  nada.

Alfabeto de prazer engorda filhos engrossa os pensamentos e se nós quiséssemos outros?

tudo vai e tudo não vai, fogo já foste, durmo de boca aberta e a Mosca entra doente apaziguadora para depois já  não saber que foste e não foste

Da minha tumba viva, a do dia de u, do e de mim sai, fumo de agora, sai para longe, sai daqui

Fumo analfabeto, barullho, de seu nome

La Nature de Rà

imagem8.jpg

Plein d’amitié, d’amitié L’amitié, me parle sur la nature de Rá, suis à raz

Cette nature définit ta religion La religion cache Dieu

La ranger ou la déplacer ?

Le dieu, adieu, bonjours, alors !! entre moi et toi, les yeux partagés

Plein d’amitié, d’amitié Il est au sol de chez moi

Rá, rá, rá, sa nature à raz elle est, la vie vieille, différente, prête à rajeunir

La nature des choses, tous sortent

plein, plein, je ne me plains point

De la nature des choses la nature des choses

Pleine, pleine dedans, dedans

Ta place mon ami Dans cette rue affamée, le peuple est venu

Dans cette avenue le fou lève la canne, quelle fane-fleur peux-tu devenir

Plein d’amitié, d’amitié, je te connais désormais 

L’amitié, la nature tu la payes, la plaie tu la payes.

Plein, plein, L’amitié qui remplit mes yeux, J’y vais

Je vais partir pour agripper la campagne,

que la campagne se mette sur moi, adossé à toi

Tu me montre les huîtres autres que je goûte sans la connaissance de la vie.

Je te vois un jour, impuissant

C’est rien, puisque tu t’adonnes à la nature

C’est curieux, tu trouves toujours un citron

Sur la roue, à la rue

Cité du citron

Nature, bouche bée,

Sous la roue du citron

Uchan, le chacal qui mange

Qui mange dans l’assiette de tous

Uchan, le chacal de tous

Le citron perturbe tout

La roue perturbe la rue

La voiture ne roule plus

Tu vis sans ces machines, au goût du citron, ah protection

Lièvre ou Uchan, l’assiette est à tous, tu es le lièvre

Sous la roue

Un citron pour ne pas vouloir rouler

Roule alors citron, que la voiture ne sert plus

La nature première, la langue de Rà

Rà-conte, alors. Ce que rà a vécu, aux champs, ce que rà a su contre la peur, la pluie et les inquiets

Les animaux qui ragent la nature

C’est Uchan qui casse l’assiette de tous

Sous le citron, je te vois à l’ombre tu es à vif, un citron jaune, vraiment acide.

Tu sais que la nuit est préocupation, heureusemnt il y a la mort- dit rá

Préoccupation naturelle, le citron transite vers le demain

Ça continue, le vivre ensemble, vivre ensemble et en cachette, sous la protection d’un citron sous la roue, dormir, dormir, la nuit est préoccupation, il y a la mort de rá pour qu’il se sauve progressivement.

Estás a embuchar, desembucha, minha mie, da família
Canos que passam sem fazer barulho, que ele passa, suavemente, a roupa desse ano
Xuxubar, o exercício de falar, uma criança vem até mim, que moçoilo simpático
Este moçoilo occitain, tão vivo, da sua,
Ele tirou o chá do seu fogão,o moçoilo a desembuxar, que os canos têm de passar
O chá, vivo de quente, no fogão , o moçoilo a desembuxar ainda,
O que fazia, por cima dele, aquela morte, o fogo do chá tem de assar
O exercício de estar acordado, falado, o exercício de muerto
Cambio todo il dinero, as taxas acabam te
A dar longas cabeçadas na cervelle, quelle merveille.
O exercício da pobreza , felizmente, l’exercice de la pauvreté , heureusement, va nous attaquer.
Albatroz, meu animal, cabeça parda, pensamento pardo

O cisne e a garrafa

Que limite cisne, ao longo são cinco, empessoados pela poluição.
De manhã os cisnes aparecem,
Como podem eles atravessar todo o Sena?
Quando o dia vem, eles desaparecem, atravessam talvez.

Sim importo, horto-me com isto, um cisne perfeito a navegar durante a noite.
No dia seguinte, dia já sem cisne, vejo uma garrafa a boiar, deitada no rio, vazia
cansada
Que limite da garrafa
o seu limite é posicionar-se na zona de sombra do rio.
Com os soluços brados da água, ela chegará talvez à zona de luz.
E os cisnes, já quase desaparecidos.  Um deles fala:

Cisne
Parece-te bem em?

Garrafa
Pará, que eu gosto de ti em

Cisne
De mim com afinco, sem trinco?

Garrafa
Se fosses uma porta , adolorta, eu te bato contra a minha boca

Cisne
Certo, erto, , que os teus lábios eu posso adolar, dor que vem com isto

Garrafa
Então vamos lá, vejo-te cisne de noite, de dia desaparecido

Cisne
Sim isso é, prova do nosso a….

Garrafa
a a a a, lor?

Cisne
Sim, parece-me ca ca ca ca ca,lor

Garrafa
calor que faz em Setembro, ele não vai

Cisne
A temperatura, ela não dura nos meses seguintes quebrados

Garrafa
Cisne da manhã tu és
Cisne da noite tu pensas
Cisne assim dos dois, tu vives

 

Cisne
Garrafa vazia, tu pensas
Garrafa na sombra tu és
Garrafa de beber, tu vives

Garrafa
a flutuar eu te a….a…a…

Cisne
Tu me á…., com quê?

Garrafa
Agarro a tua pata, não vais fugir de mim

 

Eles flutuavam em frente aos pombos

Desdobrem-se os dois misturem-se as águas, cisne de calor e garrafa de amor

 

judite

imagem2Judite O que se passou ?
No início, morto ou torto ?
Eu destaco-me a atacar, ataco-me (sem querer) a vidas terríveis,

terríveis adros (as cidades).

O que se passou? As gentes corriam lá
« escoriados, nas fendas , cidades estiveram em chamas.
Uma coisa são duas coisas, se faire persécuter ou estar acabado em dar, donner,
Escoriado, é um homem coral, coriado, cansado, não desistir é incrível.

Hoje fica registado, quase escrito.
Uma cabeça separada do corpo, isto é o amor de Judite, o amor de Judite ou o povo, o amor de Judite para com o povo.

A disponibilidade de ouvir. E Judite ouviu antes de cortar a cabeça.
A palavra bienvenu ou bem-vindo é de ouvir.

Se ela entrar numa localidade pergunto-lhe :
– Chegaste à tua cidade?

E Judite que prefere ser dita, dite, diz :
Primeira fome, primeira imagem,
primeira fome, segunda imagem.
A Judite mantivera-se de pé toda a noite.

A ideia de cortar a cabeça, viera como ideia do seu trabalho contínuo.
Ouviu tudo e em seguida sacou da adaga,

cabeça pendente.

Bem-vindo à nova fase. Judite permanece pouco Judite,
ao cortar a cabeça cai-lhe o início do nome, fica dite.

Do antigo regime sabemos pouco.
Judite não virá agora,

é o nosso pudor.